Com a pior crise hídrica enfrentada pelos residentes no Distrito Federal, é importante sempre buscar informações a respeito deste assunto. Hoje, selecionamos a matéria do Jornal de Brasília que fala um pouco sobre as expectativas com relação aos índices pluviométricos e os problemas enfrentados pela população por conta da falta de água.
Confira:
Mesmo chovendo mais, reservatórios não passam dos 34%
Precipitações já atingiram 25% do esperado para janeiro, mas precisa chover muito mais
Fonte: Jornal de Brasília – Rafaella Panceri – redacao@grupojbr.com
As pancadas de chuva e trovoadas registradas na primeira semana do ano devem continuar nos próximos dias. Os brasilienses podem esperar por dias nublados, com temperatura máxima de 28 ºC e mínima de 17 ºC até quinta-feira, porque partir de sexta-feira, os temporais dão uma trégua e tendência é de que as temperaturas comecem a subir. A chuva virá, em áreas isoladas, só no período da tarde, conforme informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Mesmo em plena temporada de chuvas, a população deve manter o comportamento adotado na seca. Economizar água deve ser uma constante, segundo o presidente da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), Maurício Ludovice.
A quantidade de chuvas ficou dentro da normalidade nesta primeira semana de 2018, de acordo com a companhia. Já choveu 25,7% do esperado para janeiro — 63,6 milímetros de um total de 247,4 mm, mas isso não é motivo para comemoração. “Ainda é cedo para falar em fim de racionamento”, alerta Ludovice.
Passado recente
O cenário da segunda semana de 2018 é bem diferente do observado no mesmo período de 2017, quando índices pluviométricos 15% abaixo da média causaram o déficit hidrológico enfrentado, hoje, no Distrito Federal.
“A falta de chuvas entre junho e setembro não é tão grave quanto em dezembro e janeiro, quando os índices esperados são historicamente maiores. Foi o que aconteceu no ano passado”, explica a meteorologista do Inmet, Odete Chiesa.
Apesar de a situação dos reservatórios ter melhorado em relação a 2017, “a conjuntura ainda é delicada”, avalia o presidente da Caesb. De fato, ontem, o reservatório do Descoberto operava com 34,8% da capacidade. Nesse mesmo dia, em 2017, o reservatório operava com 20,3%.
O reservatório de Santa Maria atualmente funciona com 31,4% do total. As informações são da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa). Nem com as chuvas da última semana houve aumentos significativos. O volume de água no Descoberto subiu muito pouco (4,1%), enquanto Santa Maria teve apenas 1% de acréscimo no volume total de água.
Ainda não há sinal do fim do racionamento
Ainda que tímido, o aumento das chuvas é um bom sinal. “Nossa expectativa é que continue assim, para recuperarmos os reservatórios. Apesar de a temporada ser chuvosa, não é hora de mudar o comportamento. A água é um recurso finito”, alerta o presidente da Caesb. Ainda é cedo para pensar no fim da crise hídrica. “Vamos aproveitar a temporada de chuva para recuperar os níveis e avaliar quando a crise terá um fim”, prevê.
Mesmo as chuvas, o racionamento continua. Uma das áreas afetadas ontem foi o Setor Leste do Gama. Na Quadra 44, a população também ficou sem água na última quinta e resolveu estocar o líquido durante a semana, em baldes. A qualidade do que saía das torneiras, no entanto, era duvidosa. A água estava amarelada e fétida.
A aposentada Núbia Maria da Silva, 46, não esperava que faltasse água ontem. “Como não sabia, liguei a máquina de lavar, mas percebi que a água foi diminuindo no enxágue. Por isso eu reservo em baldes. Sempre acontece”, relata.
A mulher coleta água da chuva por meio de uma calha instalada no telhado da casa, no quintal, e utiliza para lavar louças e cozinhar. O único procedimento de higienização feito pela família é uma filtragem simples, com um pano. “Não costumo ferver. Dá muito trabalho”, admite, e acrescenta que, durante a semana, a água fornecida tinha cheiro de esgoto.
Na casa da secretária do lar Ivonete de Sousa Resende, 51, a água parece urina. Durante toda a semana, a família coletou a água barrenta em baldes, se preparando para o próximo dia de racionamento. “Neste mês, vou pagar R$ 183 na conta e não uso tudo isso. É um absurdo ser tão caro para não vir. Quando vem, é barrenta”, acusa.
Os baldes espalhados pela casa auxiliam na lavagem da área de serviço e na cozinha. “Meus panos estão todos encardidos”, reclama a mulher, que acrescenta: “É impressionante que com tanta chuva não tenha água na casa da gente”.
Versão oficial
Com a crise hídrica, a Caesb reduziu a captação de água no reservatório do Descoberto – de 4700 l/s para 3200 l/s. Em Santa Maria, a redução foi de 1900 l/s para 30 l/s, em 19 de dezembro. “Também estamos nos esforçando para colocar água nova no sistema, vinda do Torto, do Bananal e do Paranoá”, afirma o presidente da companhia, Maurício Ludovice.